sábado, 9 de junho de 2012

Mandacaru vem sendo a última alternativa para alimentação do gado

O mandacaru resiste a secas, mesmo das mais fortes, pois trata-se de uma planta úmida que pode alimentar e hidratar o animal.

Há um dito popular no sertão que o mandacaru não dá sombra nem encosto, mas neste momento crítico de estiagem vem tendo um papel muito importante para matar a fome dos animais. Mas para o animal se alimentar com o mandacaru precisa de um esforço muito grande do homem, pois, precisa que seja cortado e queimado os espinhos, usando a técnica de um botijão de gás e um equipamento semelhante a um maçarico acompanhado com um botijão de gás. Esta técnica vem sendo usada por todos os vaqueiros do sertão nordestino, pois a seca assola todos os estados.

Como se não bastasse a dificuldade em quiemar os espinhos, no momento que o CN chegou, o serviço estava parado devido ao congelamento do botijão
Em Riachão do Jacuípe quem vem tendo uma missão muito árdua para saciar a fome de oitenta bovinos na Fazenda Pindorama na região do Distrito de Chapada é o vaqueiro Manoel Alves de Brito, 66 anos, e que tem na sua companhia o sobrinho Jefferson de Jesus. Nezinho como é conhecido o responsável pelo alimento do gado, disse que foi contratado para fazer este tipo de serviço há oito meses e não mais parou, pois a chuva não veio.
Segundo ele, essa quantidade que pode ser visto na foto não é suficiente para alimentar os animais, “é necessário quatro vezes por dia este volume que corresponde de 12 a 15 pés de mandacaru grande. “Tenho que alimentar todo dia oitenta cabeças de boi e vaca, derrubando o mandacaru e depois que arrumo a moita volto queimando os espinhos. A missão é grande, de quando eu cheguei aqui até hoje morreram quatro reis, e agora dificultou mais ainda, pois até a água que estava vindo da Barragem do Cedro de caminhão para cá, a prefeitura proibiu pegar. Eles estão falando que é por precaução, pois a agua é boa até para o consumo humano e se a coisa piorar a população vai consumir dela. A alternativa de água agora é na barragem do rio jacuípe, que é pouca também”, observou Manoel.

O vaqueiro mostra o antes e o depois do processo de queima dos espinhos
Manoel disse também que nunca viu uma seca tão grande, segundo ele, em outras ocasiões via falar em seca, já trabalhou cortando mandacaru e palma para suprir a falta do capim, mas ouvia comentário que tinha região que não estava seca, “mas agora o que se fala é que todo lugar tá a mesma coisa”, concluiu o produtor.
O curioso é que o mandacaru simboliza a seca do sertão, ele está presente nos campos áridos da fazendas ainda sem proporcionar sombra nem encosto, embora não seja nenhum “filé” o agricultor ainda prefere ter o trabalho de fazer o difícil processamento para não perder o rebanho.
Existe uma variedade de mandacaru sem espinhos, também usada na alimentação de animais, mas pouco comum . O mandacaru resiste a secas, mesmo das mais fortes, pois trata-se de uma planta úmida que pode alimentar e hidratar o animal.
Neste período de estiagem é muito comum palestras e debates para solucionar os efeitos da seca, um sábio estudioso do problema disse que a seca nunca vai acabar no sertão, o que é preciso é saber conviver com a estiagem prolongada e a convivência com a seca consiste em mais perfuração de poços, estocar alimento usando a técnica da silagem, plantio de palma e mandacaru, preferencialmente as espécies sem espinhos, entre outras alternativas.
Para quem possui vários hectáres de terra tem a garantia por um longo período é assim a fazenda pindorama, mas já se comenta que a procura e o consumo está tão grande que também já existe propriedade que a planta está quase no fim.
Por: Raimundo Mascarenhas

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